terça-feira, 29 de março de 2011

Relatório da aula do dia 17/03/2011

Teoria Freire versus Teoria Teixeira

Debora Anny de Castro Boot
Claudilene TorresSobrinho
Mônica Silva de Souza
Patrícia Freitas

Primeiramente é importante observarmos que tanto Freire quanto Teixeira, são críticos à abordagem tradicional, que é baseada apenas na repetição, com finalidade de memorização por parte dos alunos (colocada por Freire como método bancário). Esses dois grandes autores defendem a ideia da Escola Progressiva, manifestando apenas algumas particularidades, dentro de cada proposta por eles apresentadas, a qual analisaremos a seguir.
A proposta apresentada por Anísio Teixeira acerca da educação esteve intimamente ligada ao capitalismo e ao industrialismo, mas não apenas isso. Ele nos dirá que esse desenvolvimento no meio industrial gerou na sociedade muitos benefícios, pois a sociedade, antes destes progressos tecnológicos, era carregada de valores culturais e religiosos muito fortes, e ainda pelo fato desta sociedade ser mais rural, com isso menos desenvolvida e expandida.
Essa passagem de uma sociedade simples a uma mais complexa, ou seja, de áreas rurais a centros urbanos industrializados, trouxe principalmente grandes evoluções na área educacional, contribuindo para que a mesma saísse de seu estado tradicional em vista de uma educação diferenciada, não apenas na parte teórica, mas uma educação mais prática.
Em contrapartida, Freire dirá que o capitalismo gerou muitas desigualdades sociais, principalmente no meio educacional. O mesmo vai tratar acerca da evasão escolar dentro da classe social mais pobre, e ainda defenderá que, se este individuo não aprendeu, foi devido ao meio em que vive, ou seja, esse meio não lhe ofereceu  bases para que ele desenvolva sua capacidade intelectual e social.
É importante frisarmos ainda que, tanto Freire quanto Teixeira, criticam a escola tradicional, devido a mesma não preparar o individuo para ser autônomo. Sendo assim, defendem que a escola deve preparar o cidadão, incorporar no mesmo um sentimento de autonomia. Mas cabe ressaltar que essa autonomia vai ser ambígua, pois Teixeira a verá como uma solução para se acompanhar o desenvolvimento da sociedade e até mesmo para a transformação desta. Já Freire proporá que essa autonomia dar-se-á a partir da desalienação do indivíduo pela práxis.
Como o olhar de Freire ressalta mais as classes oprimidas, ele indaga que essa desalienação acontecerá no âmbito da superação, ou seja, o indivíduo supera todo um trauma vivido por ele na sociedade, um problema de opressão e desigualdade, cabendo à escola o ensino da práxis, e somente a escola progressista tem esse sentido desencantador.
Anísio Teixeira irá defender um contexto neutro, ou seja, para ele, independentemente se a criança é rica ou pobre, aprende da mesma forma, e o que se deve fazer é partir do imaginário da criança. Já Freire dirá que, se a criança vive em um mundo de marginalidade, ela deve ser libertada deste e deve-se tentar transformar este contexto de exclusão através da reflexão.
Paulo Freire defende que o ser humano é inconcluso e inacabado. Sendo assim, ele tem a capacidade de se superar. Essa superação dar-se-á na exclusão da opressão através do amadurecimento das ideias. Ele vai mais adiante, ressaltando ainda que o problema da educação é não promover a relação social e a reflexão. Assim, o indivíduo aliena-se ao pensar que o seu lugar na sociedade será sempre o mesmo, e não haverá como ocorrer qualquer mudança.
Neste texto, Freire revela-se tanto preocupado com os problemas sociais quanto políticos. Cabe ainda ressaltar que o mesmo tem uma posição existencialista e marxista, e apoia também o pensamento de Weber acerca da racionalização. Tanto Weber quanto Freire dirão que a educação deve ser mais humanizadora e menos racional.
Ele defende ainda que o verdadeiro educador é aquele que ensina com o seu exemplo, que se abre para aprender por meio do diálogo com os alunos. Este diálogo proporcionará o pensamento reflexivo, que será o pensar certo segundo Freire; pois, quando se reflete acerca do que é certo, coloca-se em dúvida este pensamento. Então, duvidar é pensar certo. E pensar errado é pensar que se está certo.
Freire, neste contexto, estabelece dois tipos de curiosidades, a curiosidade ingênua ou superficial e a curiosidade epistemológica. A curiosidade superficial se limita a respostas de conhecimentos populares, e a epistemológica (crítica) vai mais fundo. Esta se sacia apenas através da educação, da prática da reflexão e do conhecimento buscado a fundo. Por este motivo, não existe ensino sem pesquisa, e nem pesquisa sem ensino.
Sendo assim, Freire frisa que, de acordo com sua postura política, faz-se necessário que se utilize na educação a prática progressivo-reflexiva. Pois, sem essa prática, o discurso para formar o cidadão torna-se vazio, um conhecimento sem valores. Para a construção do conhecimento, devem-se criar possibilidades pelo professor, ou seja, estudos de métodos, entre outros.
É importantíssimo relatar ainda que Freire propõe a idéia do falso sujeito. Para ele o falso sujeito é aquele que recebe conteúdos acumulativos, que são memorizados pelo professor, e que este passa ao aluno que também irá memorizar e então se tornará uma réplica de seu educador. Ele ainda sugere que para que isso não aconteça, é necessário o uso da experiência, da interação entre objeto e aluno e ainda pensamento crítico-reflexivo.
Freire indaga ainda que ensinar exige respeito de ambas as partes educacionais, respeitar pensamentos e opiniões. Frisa também a questão da criticidade, que a mesma leva o cidadão a sair do senso comum. Isso não implica numa mudança radical de pensamento, mas apenas a superá-lo no sentido de se amadurecer as ideias. Mais ainda, para se ensinar exige-se a renovação constante.
Nessa análise do contexto educacional, realizada por Paulo Freire e Anísio Teixeira, foram comparados a contextos sociais, econômicos e políticos presentes na sociedade à qual a escola está envolvida.

Referências

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. 28. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

TEIXEIRA, A. Pequena introdução à Filosofia da Educação: A escola progressiva ou a transformação da escola. 6. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.

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